quinta-feira, 28 de maio de 2009

A falar sobre o telhado


E sob o telhado e por certo, carcomidas pelo tempo, lá estão as cartas.

E o passado, passando pastoso por entre as telhas, guarda o sótão que soterra meus pretéritos.

Cartas aludindo tudo que fiz e relatos iludindo tudo que almejei.

Esconderijo próximo às nuvens - melhor caminho não há, pois para lá; somente de asas, ou nos ventos da imaginação. Lá, outros poucos ousariam além de mim.

Nuvens que passam, acima de si, não permeiam liqüefações precisas, aponto de permear-lhe devidamente e corroer os meus segredos empapelados.

Lá, encasteladas em si, as minhas cartas se largam, e sob as telhas ficam; e assim, inatingíveis, perpetuar-se-ão ao tempo - que também lá a frente será passado.

Tudo que é depositado de mim,

fica depois postado

sob o telhado.

Um comentário:

  1. Caro amigo,

    O telhado é um mirante inatingível, tua casa, recanto, abrigo. Abriga tanto os pretérios perfeitos quanto imperfeitos pois assim se faz a natureza humana, perfeita e falha.

    Não vamos parar o trem, sigamos despejando fumaça e sobrevoando novos ares.

    Preciso encontrá-lo!

    Um abraço,

    Rabello Catavento

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